Janoo, startup incubada no Parque Tecnológico da Bahia, alcança quarto lugar no ranking nacional de concurso da ENAP

Com foco no turismo sustentável, startup desenvolve soluções tecnológicas inovadoras e fortalece a atuação feminina no ecossistema de inovação

Concorrendo com 453 projetos de todo país, a startup Janoo, que desde 2022 participa do Programa de Incubação da Áity, incubadora do Parque, foi pré-selecionada em quarto lugar na segunda edição do Programa de Apoio a Empreendedoras na Tecnologia – Empreendedoras Tech, ação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). A Janoo é uma plataforma digital, com origem na região da Chapada Diamantina, Bahia, que une comercialização (marketplace) e gestão para atrativos e experiências turísticas ligadas a áreas protegidas, tais como parques e comunidades tradicionais.

 

“Recebemos o resultado com muita felicidade, pois é um programa que tem como principal objetivo fortalecer empresas e projetos com foco em inovações tecnológicas liderados por mulheres, e esse sempre foi um valor muito importante para nós”, afirma Tássia Correia, CEO da startup. Conforme a gestora, o corpo diretivo da Janoo é composto por 60% de mulheres e o quadro total da empresa é constituído por maioria feminina.

 

Na avaliação de Tássia Correia, o Parque Tecnológico da Bahia teve papel fundamental no percurso da startup. Segundo a empresária, em 2020, primeiro ano da pandemia do Covid-19, a Janoo estava desconectada do ecossistema de inovação do Estado, sobretudo na região de origem, a Chapada Diamantina. “Estávamos muito isolados, já que na região praticamente somos a única startup em funcionamento desde aquela época. Por isso, a incubação no Parque Tecnológico ajudou a nos conectar com diversos atores desse novo mundo”, explica Tássia.

 

O Parque é um equipamento público pertencente ao Governo do Estado gerido sob contrato de gestão entre a OS Associação das Empresas do Parque Tecnológico da Bahia (AEPTECBA) e a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI). Conforme Rafael Guedes, diretor-executivo da AEPTECBA, a experiência bem sucedida da Janoo vai ao encontro do que o equipamento almeja como atuação futura, “que é expandir ainda mais nossas ações no interior da Bahia”.

 

Marketplace

 

Neste sentido, a empresária destaca que a atuação no Parque foi determinante para o desenvolvimento da Janoo, tanto do ponto de vista do produto como também para o amadurecimento como empreendimento de inovação. “É essencial pensarmos como as políticas de inovação precisam chegar até o interior do estado e o Parque Tecnológico tem função crucial nesse processo”, avalia.

 

Ela recorda que a solução desenvolvida pela Janoo resultou numa plataforma que ajudou a região da Chapada Diamantina em decorrência da pandemia. “Assim, lançamos nosso marketplace (espaço digital de negócios) janoo.com.br, onde é possível encontrar atrativos e experiências turísticas e, à época, o público interessado poderia conferir as regras de funcionamento e agendar os dias de visitas”, detalha.

 

Desde de 2020 que a Janoo vem aprimorando as soluções que entrega, assim como todo funcionamento da empresa. Além do marketplace, a empresa oferece aos clientes coleta de dados confiáveis por meio de softwares. São programações voltadas a serviços de portaria inteligente, cadastro de anfitriões com apoio de instituições validadoras (guias, condutores e associações, por exemplo), integração com hardware (contadores de pessoas por infravermelho) e pesquisa de satisfação com valoração de impacto ambiental, entre outros.

 

“Trabalhando com inovação aprendi que se queremos resultados diferentes, precisamos estar em pontos de partida diferentes, trilhar caminhos diferentes. Por isso a diversidade é crucial nos ambientes criadores de novas soluções. Fico muito feliz em ver que esse é um princípio que vem recebendo mais apoio e valorização”, comemora.

 

Tássia ressalta o importante papel que seu sócio, Lucas Miranda, teve no empreendimento. Junto com ela, idealizou e realizou o projeto. A empresária lembra que no começo da startup a maioria das pessoas não achava possível que soluções digitais pudessem ser criadas na região. “Durante alguns anos Lucas desenvolveu sozinho toda a base da plataforma Janoo e saímos por todos os lugares falando e apresentando nossa ideia. Com isso aprendemos a comemorar cada passo e cada novo caminho que se abre”.

 

Desafios do futuro

 

A Janoo conta atualmente com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) mediante o Edital Govtech II e da Fundação Grupo Boticário por meio do Teia de Soluções – Chamada Produtos e Serviços da Natureza. Em 2022 foi contemplada com o apoio do Programa Startup Nordeste, do Sebrae, já encerrado. “Sempre buscamos apoio junto a instituições comprometidas com a inovação e com temas que se relacionam com os nossos objetivos. E é graças a esses parceiros que hoje podemos investir em contratações e novas soluções para o mercado”, informa a empresária.

 

A startup atua com 14 colaboradores em pelo menos três regiões turísticas da Bahia. Na maioria, pessoas que trabalham no projeto desde o primeiro ano de funcionamento da plataforma. Time que congrega o mesmo ideal: turismo mais sustentável e justo. Neste quesito, a Janoo prioriza a contratação de pessoas que vivem em lugares turísticos, são impactadas por essa atividade e conhecem a realidade e a importância do trabalho que a empresa desenvolve. 

 

Os próximos passos da Janoo, segundo Tássia, serão norteados pelo edital Destinos Conscientes, cujo resultado foi divulgado nas redes sociais da startup no último dia 31/08. Foram contemplados à avaliação da startup projetos de turismo sustentável inscritos pelas seguintes comunidades: Aldeia Gurita, Aldeia Kaí, Aldeia Pequi, Aldeia Tibá, Associação Comunitária da Matarandiba, Coletivo de Jovens Quilombolas do Engenho da Ponte, Porto do Boi, Quilombo de Massarandupió, Quilombo do Tereré e Maragogipinho, Reserva Pataxó da Jaqueira, Tapera e Mirangaba – Caminhos e Tradições. 

 

“Estamos extasiadas com as propostas inscritas. São muitos lugares e comunidades com experiências turísticas belíssimas e únicas e que precisam de mais visibilidade e apoio”, comemora a gestora. E as ações não param por aí. Ainda neste mês de Agosto a Janoo abrirá nova chamada para cadastro de iniciativas de turismo ligadas à agroecologia na região da Chapada Diamantina. Para tal, a empresa buscará parcerias com o Governo do Estado por intermédio das secretarias de Turismo e Meio Ambiente.

 

E em decorrência da expansão das atividades, a Janoo lançará um novo marketplace que agregará ainda mais valor aos princípios do turismo sustentável, engajando visitantes, anfitriões e parceiros. Assim como estão previstos módulos para os softwares de gestão.

 

Para Tássia Correia, sua atuação como empreendedora reflete o papel que cabe à mulher como afirmação de espaço no mercado. “Nunca separei essa parte de mim dos outros papéis que desempenho – mãe, jornalista, nordestina, apaixonada por uma vida simples, justa e alegre etc. Acho que isso hoje me define”.

 

 

Seu Janu

 

Um dado curioso é quanto ao nome da empresa. Não se trata de nenhum neologismo. É demonstração de carinho e que também homenageia um guia da Chapada Diamantina, Seu Janu, profissional que guiou Tássia Correia e Lucas Miranda à Cachoeira do Buracão.

 

“Foi quando eu e Lucas tivemos a ‘eureka’ do que poderíamos fazer para contribuir com um turismo mais justo e sustentável. Guardamos esse nome, Seu Janu”, Tássia recorda com afeto. Oito anos depois, quando foram convidados a criar a plataforma, durante pesquisa para dar nome à empresa, o casal se deparou com Janus, deus romano que simboliza o passado e o futuro, deus dos inícios, das montanhas, das viagens, das decisões e escolhas. Então, de Janu e Janus, dada a similaridade sonora e a lembrança do Seu Janu, surgiu a Janoo.